O cenário atual turbinou alguns movimentos na área de alimentação que já estavam em andamento, mas que conservavam ainda uma certa timidez. Agora, eles vieram com tudo! A tendência pela escolha de alimentos saudáveis ganhou força. Mas também cresceu o consumo de alimentos de comfort food, que são aqueles que a gente abre uma exceção pra ter um conforto gostoso, sabe? Eu mesma já zerei meu estoque de temperos de tanto cozinhar durante o isolamento social. Além disso, está ocorrendo uma fusão entre alimentos e medicamentos no que diz respeito ao job to be done, com motivações semelhantes para o consumo de ambos. Cada um com seu papel, que vai da cura à prevenção, passando pelo bem-estar.
Vamos começar pelas questões em torno da saudabilidade? A Box 1824 perguntou aos brasileiros qual era a sua primeira preocupação em relação ao momento atual e as menções relacionadas à saúde ocuparam o primeiro lugar para 80% dos entrevistados, acima até das questões financeiras. E esta preocupação só tende a aumentar. Quando a gente mistura alimentação e saúde, entram em cena múltiplas abordagens. Segundo um reporte da S2G Ventures, o mercado de comidas funcionais vai crescer $277 bilhões de dólares nos próximos quatro anos. As superfoods ou superalimentos também entram neste pacote, juntando o melhor destes dois mundos. Já ouviu falar a respeito?
Os superalimentos fazem bem para a saúde de nosso corpo e também para o planeta. Exemplos não faltam, como o camu camu, que é uma frutinha brasileira que está fazendo sucesso nos EUA, com promessa de diversos benefícios nutricionais, como o reforço da imunidade. O matchá, bebida japonesa milenar à base de chá verde e que ganhou destaque recentemente como um ótimo antioxidante e a spirulina, que é uma alga verde que pode até ser produzida em casa, como uma StartUp Spirugrow tem feito. Por sinal, o mercado de agricultura vertical é outro que se acelerou nesse período, tendo previsão de atingir $50 bilhões de dólares nos próximos 5 anos, segundo a S2G Ventures.
Voltando para os superalimentos, a Start-Up Nature´s Heart é uma das que buscam sabores da natureza, selecionando alimentos mais nutritivos, com uma linha de nutrição à base de plantas. O Brasil é um território fértil para os superalimentos. Somos o primeiro país entre os 17 megadiversos (ou de maior biodiversidade) e temos mais de 20% do número total de espécies do mundo, segundo dados no site do Ministério do Meio Ambiente.
E os superalimentos podem dar uma bela ajuda pra acabar com a monotonia alimentar que vivemos. Sim, vivemos numa monotonia alimentar, pode acreditar! No mundo, existem 30 mil espécies vegetais comestíveis, mas apenas 20 delas respondem por 90% dos alimentos consumidos. Olhando mais a fundo, veremos que o milho, o arroz, o trigo e a batata inglesa correspondem a 60% do que comemos. Aqui tem muita oportunidade pras FoodTechs explorarem esse caminho, enaltecendo a biodiversidade brasileira.
Mas saúde também passa pelo bem-estar mental. Quem não fica feliz com comidas que nos confortam, que têm até um quê de nostalgia e carregam lembranças de tempos especiais? Comidas com sabor de infância, sabe? Elas podem até dar paz em meio a toda a complexidade que estamos vivendo. Por isso, vimos também um aumento de serviços e produtos com esse viés nostálgico.
Nestes tempos mais difíceis, o hábito de cozinhar também gera conforto e as pessoas estão fazendo mais comida em casa. Eu mesma amo! E pesquisas já demonstram que cozinhar em casa pode levar a estilos de vida mais saudáveis, como também é uma boa forma para ensinar valores e ficar mais conectado com as crianças. Olhando para os tipos de receitas e buscas online que mais têm crescido neste período, observamos que muitas pessoas estão aprendendo a fazer certos tipos de comida pela primeira vez. Veja só o pico no Google Trends sobre como fazer pão.